Pular para o conteúdo principal

E eu não sou uma pessoa?

Seria injusto comigo mesma dizer que a essa altura do campeonato a vida já deveria ser melhor; não tenho mais a ingenuidade de pensar que os dias calmos não carregam consigo, também, as tempestades em copo d'água. Rumino muito o cotidiano e quem eu sou - as minhas várias personalidades, os meus inúmeros espíritos obsessores. Achei curioso, porque tem determinadas fritações que vem e vão, sempre diferentes, porque nunca se entra no mesmo rio duas vezes e, não sendo a mesma água e nem eu a mesma pessoa, como é que pode o objeto que me abriu essa tão recente ferida ser uma mágoa antiga? Soube da resposta no segundo seguinte em que questionei, mas será que dá para ser bem resolvido com a misoginia? Com as hierarquias discursivamente construídas? 

E eu não sou uma pessoa? 

Na 'terra prometida por mim mesma' eu sou. 

Comentários

  1. para mim, uma pessoa muito amada, inclusive. no mundo que estamos construindo através das nossas escolhas sinceras, ninguém terá dignidade negada. <3

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Eu odeio gente chique

Me encontro nesse momento com o coração partido. de luto, ferida por essa vida de mula, chateada demais com a burguesia safada. Depois que você começa a ler o mundo o oculto para de existir, determinadas nuances se escancaram e ninguém quer romper com os próprios privilégios - herdados de uma exploração multifacetada. Honestamente, que tristeza.  Nos últimos dois meses a vida me mastigou e me cuspiu de volta. Complicado ser uma mulher ousada no meio de porcos capitalistas, mas que se foda. Invisto toda a energia possível em não ser um saco de lixo, a despeito dos meus privilégios de pessoa branca com acesso a direitos básicos como a educação superior ou algum lazer. O que me atravessa o peito é ver essa gente espiando culpa burguesa através de qualquer face da exploração e se ofendendo quando alguém aponta e diz que é o que é.  Eu escrevo as minhas linhas - tortas ou não, certo ou errado -, e determinadas histórias eu tenho me decidido a parar de contar. É o fim de uma era, e...

Recado

Já me ocorreu, antes, de morrer por dentro de forma súbita. Vivi muitos processos de lutos internos, que se arrastaram por tempos infinitos, até ser capaz de ressuscitar. Há oito anos, eu chorei o ano inteiro; hoje eu queria querer chorar. Fui alertada por uma amiga querida (que já o fez antes sobre tantas questões) que tenho problemas com o processamento da dor. Sou teimosa, mas meus pensamentos pensam pensamentos obsessivamente, lógico que considerei o aviso.  Acho que tenho medo de voltar a chorar mundos inteiros, completamente apavorada com o falecimento de alguma camada da alma através da tristeza. Em 07 de junho de 2022, publiquei na minha newsletter sobre os traços traiçoeiros da minha personalidade; revisito sempre os meus escritos do passado, resquícios dos questionamentos que me trouxeram até aqui. No parágrafo que me trouxe até aqui, eu digo que "As minhas artérias carótidas trabalham fisiológico e subjetivamente sem descanso; tem quarenta mil corpos neuronais no meu co...

Outros mundos

A realização da passagem do tempo foi brutal, esse ano fui o pão que o diabo amassa e o diabo amassando o pão. Revisitei muitas vezes o passado, consegui admitir o meu ressentimento e identificar as faces com as quais ele se apresenta. O campeão na corrida para a minha maior ferida é, sem dúvidas, como o masculino funciona no mundo, essa instituição escancarada da dominação. Acho tenebroso, fico ruminando a falta de sentido que é submeter o outro ao perverso - para mim, o perverso é retirar do outro o direito de ser pessoa. Caralho, sabe? Trinta anos e eu ainda não me sinto gente , inadmissível.  A ruminação é o maior sintoma do ressentimento; talvez me falte coragem 'pra viver fazendo as pazes, ou quase' . Essa última revolução solar foi uma coça, andei em carne viva o ano inteiro, meti o meu louco, sofri muito todos os últimos combates. Tive que reaprender a chorar as dores, senão eu seria por mais tempo aquela que está sempre por um fio e, honestamente, nem posso dizer que e...