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Mostrando postagens de julho, 2023

Mil e uma noites

Costumo me fazer repetitiva quanto a alguns ditados que permeiam a minha vida; pensando nisso, tenho sido insistente com o fato de que a tristeza é imensa, uma represa massiva com muralhas em volta. Fato é que as mesmas águas que fixam, também são aquelas que rompem. Me atentei que a existência é um ciclo constante de entrar e sair da caverna: deixamos de enxergar somente as sombras, mas o mundo é rude; nele construo um forte e em seu interior ergo, passo a passo, a minha terra prometida. Nos solos sagrados do meu lindo mundo da imaginação, as águas fixam a certeza de que dias mais leves virão, porém também causam rachaduras nos paredões, porque tenho pressa, a mudança urge impacientemente faz dois mil anos. É possível que eu tenha me deixado iludir, entretanto, através dessa fissura, enxerguei aquilo que se manteve oculto, silencioso, do lado de fora.  Me feriu tanto que a tristeza suprimiu a raiva e eu quis chorar por mil e uma noites. 

E eu não sou uma pessoa?

Seria injusto comigo mesma dizer que a essa altura do campeonato a vida já deveria ser melhor; não tenho mais a ingenuidade de pensar que os dias calmos não carregam consigo, também, as tempestades em copo d'água. Rumino muito o cotidiano e quem eu sou - as minhas várias personalidades, os meus inúmeros espíritos obsessores. Achei curioso, porque tem determinadas fritações que vem e vão, sempre diferentes, porque nunca se entra no mesmo rio duas vezes e, não sendo a mesma água e nem eu a mesma pessoa, como é que pode o objeto que me abriu essa tão recente ferida ser uma mágoa antiga? Soube da resposta no segundo seguinte em que questionei, mas será que dá para ser bem resolvido com a misoginia? Com as hierarquias discursivamente construídas?  E eu não sou uma pessoa?  Na 'terra prometida por mim mesma' eu sou.