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Lagarto ao Sol

 Você me diz que perdemos o jogo, está tudo condenado, não há escapatória.
Discordo, meu coração é seara da revolução, não se dá por vencido.
Você diz que isso é uma vida de grande sofrimento, de uma insistência gorada.
Para mim, a confusão que permeia esse intelecto ardiloso é não compreender que o mau do urubu é pensar que o boi tá morto. 

Não se deixe enganar pela mulher desdobrável, não se desatente com o aguardo silencioso, o que é teu tá guardado. "Todo o tempo é ouro, a hora é sagrada", não sou capaz de perdoar a exploração que captura a existência, aliena o pensamento, aprisiona a horizontalidade de perseverar. 

Quando o fim desses tempos chegarem e o tribunal final estiver posto, prometo que serei eu aquela que cortará a sua e a cabeça dos seus, de punhos firmes mantidos pela raiva dos banidos, dos loucos 'que caminham livres pelas terras verdes do conhecimento'. 

Escrevo inflamada pela raiva, combustível de uma alma que teme, mas faz o que tem que ser feito. Não se deixe enganar, não. 

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