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Mostrando postagens de junho, 2024

Enquadro

 Fora o esculacho que é saber que não somente a culpa é invenção cristã, também é o perdão; entendi que dentro desse imaginário tem coisas que não tem nem perdão e nem culpa. Achei que não estava deprimida, mas quem que não está e quer dormir por três meses? De um cansaço ancestral. No calabouço das emoções, eu queria querer chorar. Incomoda, porque também sou outras coisas além da tristeza, mas me parece que nesse momento fiquei monotemática - comigo mesma, uma discussão constante das outras de mim. Veja bem, o meu dilema é puro ego, uma vaidade, uma ferida tão antiga que perdi o time . Revisitar a infância é tenebroso, são histórias que a gente reconta pra si mesmo, as ideias mudam, muda também a perspectiva sobre os acontecimentos. Todos os meus pontos de vista se sentem feridos. Não consigo me livrar dessa sujeira, nem com um milhão de banhos. Ninguém tem culpa, mas ninguém tem perdão também não. Tem me consumido compreender que parte do problema sou eu, obsessiva, atando a mim...

Atino

 Eu podia jurar que não me sentiria tão espancada pelo meu retorno de saturno. Tomei como garantia uma vida inteira apanhando e supus um acerto de contas diferente. 'Habito as fronteiras da travessia do espelho, point of no return' e, me parece, esse atino é comigo mesma. Falei tanto sobre morrer por dentro e nascer de novo que dos anos passados pra cá eu me encontro presa no meio, 'em febre constante'.  É extremamente solitário existir na contemporaneidade. E digo isso como quem ama existir. Sinto que não consigo admitir que tá lotado de escrotidão mundo adentro, porque me fere profundamente existir nesse cenário e meu coração urge por uma revolução, um estalo, qualquer faísca de mudança horizontal. É altamente frustrante.  Tenho tentado muito sobreviver a esse ano, muito mesmo; e escrever, qualquer coisa até sair alguma coisa. Totalmente em crise comigo mesma e com a minha vida, acumuladora obsessiva de mágoas a respeito do passado, cheia de feridas abertas. O que é q...

Papel celofane

 A minha crise mais atual é a da controvérsia humana; sei que somos 'sim e não', 'isso e aquilo', 'faço ou não faço' ao mesmo tempo, mas esse niilismo me deixa engasgada, como se o sentido não existisse também dentro de sua ausência.  Esse ano faço trinta e sinto que o mundo tem tentado me vencer pelo cansaço e, ah, quando cê fica cansado o pensamento crítico se assenta, o desejo pela transformação se acomoda, como se os sistemas dominantes fossem axiomas. 'Se for pra nós viver por isso, eu prefiro morrer pelo que eu acredito'.  Tenho sonhado pra cachorro, sobre o meu lindo mundo da imaginação, como se fosse preciso só um estalo para que pudéssemos enojar aquilo que fede e anda ao nosso redor, para que considerássemos cenas cotidianas de um horror mais terrível que invocações do mal.  O que não faz sentido pra mim é não bancar quem se é, sabe? Como se só porque o arquétipo reluz igual ouro, fosse ouro e não lixo em papel celofane.